Antes de tudo, é necessário conhecer as três
tecnologias de telefonia móvel digital adotadas pela UIT, e espalhadas
pelo mundo:

TDMA (Time Division Multiple Access) – Acesso múltiplo
por divisão de tempo significa que a tecnologia quebra os bits
e distribui-os em pequenos espaços de tempo.

GSM (Global Standard Mobile) – Também baseado na divisão
de tempo do TDMA, o GSM foi adotado como único sistema europeu
em 1992, e se espalhou pelo mundo pela padronização de
seus recursos avançados. Dominante na 2G, essa tecnologia não
apresenta um futuro muito atrativo para a 3G devido sua divisão
temporal, inferior a divisão de código.

CDMA (Code Division Multiple Access) – Acesso múltiplo
por divisão de código. Essa tecnologia codifica numericamente
os bilhões de bits que representam nossa voz e dados e transmite-os
em um conjunto de freqüências muito mais amplo e contínuo.
Esse modelo de acesso infinitamente superior ao temporal é que
fez a UIT (União Internacional das Telecomunicações)
escolher o CDMA como tecnologia base para a 3G.

Cada uma destas tecnologias tem sua árvore evolutiva, confira
abaixo:

A mais notável diferença entre as tecnologias é o
SIM card (chip) do GSM. Trocar de operadora, de número ou de aparelho
independentemente, armazenar contatos e impossibilitar a clonagem da
linha, parecia perfeito; tudo muito bom até aqui. Mas o chip não é as
mil maravilhas; quem utiliza duas linhas telefônicas já sentiu
o grande desgosto do esquema: desligar o telefone – tirar a proteção
da bateria – tirar a bateria – tirar o chip – colocar outro
chip – recolocar a bateria – recolocar a proteção – ligar
o telefone. Armazenar os contatos no chip também não é exatamente
vantajoso: não é possível adicionar vários
números para um mesmo contato, ou ainda adicionar fotos das pessoas
da agenda. Hoje, ser roubado é muito mais fácil do que
ter o celular clonado, e o chip pode prejudicar nisso também.
Se um cliente pós é roubado ele simplesmente perde – além
de seu telefone – sua linha, seu cadastro, suas faturas, enfim, tudo.
Os serviços multimídia do GSM são bastante avançados, é possível
enviar texto, fotos, sons, e até vídeos. Porém,
os serviços são limitados a vários fatores. Nenhuma
MMS de telefone para telefone pode ultrapassar 100Kbites no GSM, e mesmo
com essa pequena quantidade de dados enviar um MMS demora, devido as
limitações de velocidades impostas pelo GPRS/EDGE.
O grande “ponto” a favor do GSM hoje é sua difusão
e compatibilidade. Qualquer gadget que ofereça suporte à conexão
a internet suporta GPRS, e apesar do CDMA estar ganhando muito nesse
mercado também (peguemos por base os palms: O Tungsten T3 e o
Zire 72 já oferecem suporte ao 1X, e mais do que isso, o TREO
600 oferece suporte apenas ao CDMA) o GSM ainda está em primeiro na compatibilidade.

A princípio o GSM era a tecnologia mais vantajosa, pois era capaz
de serviços avançados, como nenhuma outra tecnologia. O
detalhe da divisão temporal foi esquecido pela Europa, que adotou
apenas essa tecnologia em suas redes. Já países como EUA
e Brasil optaram pelas três tecnologias.

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Graças às pioneiras operadoras brasileiras que hoje integram
a Join Venture Vivo, o Brasil foi um dos primeiros países a comercializar
a tecnologia CDMA 1XRTT, o primeiro passo para a 3G. Mais do que abrir
uma grande porta para a terceira geração, o CDMA 1X oferece
capacidade de voz seis vezes maior do que as tecnologias temporais (TDMA
e GSM) e capacidade de dados três vezes maior do que seu concorrente
GPRS oferecido pelo GSM.
Como resposta ao 1X e ultimo passo evolutivo de sua rede, o GSM apresenta
o EDGE, uma tecnologia de dados com velocidade 38% superior ao até então
1X. Essa é a ultima tecnologia disponível para o GSM, mas
o 1X não chega nem perto do limite do CDMA.
O CDMA 2000 1XRTT (nome integral do produto) ainda apresenta uma evolução
em seu link de dados, o que lhe garante uma velocidade de acesso de 350Kbps,
cerca de 75% superior ao recém chegado EDGE. Como se não
bastasse, o CDMA vai além e apresenta três formatos de terceira
geração, são eles CDMA 2000 EV-DO, CDMA 2000 EV-DV,
e WCDMA.

O EV-DO é o primeiro formato 3G e garante picos de conexão
de 2,4Mbps. Essa tecnologia já foi adotada nos EUA a mais de um
ano e o impacto que o seu lançamento causou nas operadoras GSM
foi surpreendente. Foram dezenas de milhões de clientes GSM aderindo
a recém chegada versão do CDMA. Cerca de 99% dos clientes
de dados das operados americanas usam os serviços CDMA, número
que antes da 3G era inferior a 40%. No Brasil esse número promete
ser ainda mais ensurdecedor; mais de 97% do mercado de dados já é dominado
pelo CDMA mesmo antes do EV-DO! A pequena receita de dados das operadoras
GSM no Brasil deve não só diminuir, mas trazer com ela
prejuízos ainda maiores: a oferta de aparelhos e serviços
para o CDMA cresce em velocidades absurdas, enquanto no GSM praticamente
estacionaram no tempo. A decisão da Eurotel – a gigante
do GSM na Europa – de implantar o CDMA na sua rede assumindo a
superioridade desta tecnologia abalou ainda mais a telefonia móvel.
Depois disso – e dos catastróficos desastres causados pelo
EV-DO – operadoras GSM do mundo inteiro devem entrar com pedidos
ao governo para acelerar a liberação das licenças
de uso para o WCDMA, um formato especial de CDMA desenvolvido para ser
implantado em um novo espectro pelas operadoras GSM, para que essas não
fossem excluídas do mundo e nem obrigadas a abandonar a divisão
temporal – e todos os seus clientes dessa tecnologia – de
uma hora para outra. As próprias brasileiras, TIM, Claro e Oi
já entraram com tais pedidos, mas seguindo exemplo do resto do
mundo, eles devem tardar a chegar.
Não há duvidas que em pouco tempo as tecnologias temporais
serão abolidas dos grandes centros, e já está comprovada
a excelência dos formatos 3G do CDMA, mas não é só sua
velocidade que está tornando o CDMA tão adorado, e sim
seus novos e avançados serviços:

O MMS que já chegou a ser característica exclusiva do
GSM, é um dos serviços mais utilizados na rede CDMA. O
envio de mensagens com fotos se popularizou e cresceu muito nessa rede
por permitir o envio de toques polifônicos, que são muito
mais fáceis de serem adquiridos através da tecnologia BREW™ do
CDMA. Outra característica que cresce muito rápido no CDMA é a
vídeo mensagem, quase esquecida pelos usuários de GSM.
O serviço Wap 2.0 permite uma navegação na internet
móvel muito mais elaborada e com imagens coloridas. Apesar desse
serviço estar disponível para o GSM, nenhuma operadora
GSM brasileira o oferece.
O BREW™, funciona de forma similar ao Java oferecido pelas operadoras
GSM; porém, essa nova plataforma exclusiva do CDMA permite o download
de aplicações maiores, mais ricas e inteligentes, baseadas
em várias linguagens (incluindo Java). É essa tecnologia
que permite as operadoras CDMA ter a disposição dos clientes
dezenas de centenas de aplicativos, mais de 1000% (não está sobrando
zeros não) em cima da operadora GSM com o segundo maior catálogo!
(Informação baseada no mercado brasileiro).
IMAV. A internet móvel de alta velocidade permite o acesso rápido
a informações, hoje, em velocidades de até 144Kbps.
Em poucos messes, com o EV-DO, essa velocidade chegará a até 2,4Mbps!
O AGPS é um formato de GPS (Sistema de posicionamento global)
implantado no CDMA. Esse recurso permite ao cliente achar bares, restaurantes,
hotéis ou outros estabelecimentos, e até outros celulares
(se estes autorizarem).
Multiconferência. Funciona como uma conversa a três muito
mais avançada. É possível conversar com várias
dúzias de pessoas ao mesmo tempo, estejam elas pelo IM, celular,
fixo, PDA, etc. Com a entrada da Videoconferência no mercado de
portáteis, esse serviço aplica-se também.
A Videoconferência e o tão sonhado momento de falar e ver
em tempo real de qualquer lugar. Os formatos 3G do CDMA são mais
do que capazes de realizar o mais avançado serviço proposto às
redes móveis.

Ainda que, independente de ser necessária a instalação
de um novo espectro, as operadoras GSM também chegarão a
3G, as redes nativas CDMA têm várias vantagens. Apesar do
WCDMA levar as operadoras GSM a 3G, sua qualidade não é comparável
com o EV-DO. Ambas as tecnologias atingem picos de 2,4Mbps, porém
enquanto o WCDMA oferece velocidade média de 384Kbps em qualquer
situação, o EV-DO oferece uma média de 800Kbps em
movimento, e 1200kbps em terminais parados, mais que o triplo da banda
efetiva. Outra vantagem, é o EV-DV, uma tecnologia muito parecida
com o EV-DO, porém com capacidades de voz absurdas, uma perfeita
interação entre voz e dados e uma divisão em três
portadoras, que garante um serviço com certeza de estabilidade – exclusivo
para redes nativas.
Não que o GSM vá deixar de existir, longe disso. O CDMA é a
tecnologia mais moderna, de maior potencial e melhores perspectivas para
a telefonia celular, mas é também a que mantém um
maior custo de implantação. Demorará a chegar o
tempo em que todo o mundo aderirá a uma única tecnologia,
afinal, não podemos esquecer que boa parte do mundo ainda utiliza
nossos aparelhos TDMA de vários anos atrás, ou ainda nem
possui rede celular. O caso é outro. O GSM continuará sendo
mais barato e, ainda que inferior ao CDMA, moderno.

O GSM não é atrasado. Só perdeu seu posto de “todo
poderoso”. Serviços muito parecidos com os do CDMA como
fotomensagem e videomensagem, Java para instalar programas, EDGE para
conexão de dados, wap 2.0, e uma oferta de aparelhos que continuará promissora
por mais alguns anos. O grande limite para o GSM é mesmo a fase
de vídeo em tempo real. Simplesmente não existe um formato
de GSM que seja capaz de fazer vídeo conferência, nem entre
dois telefones, quanto mais a multiconferência do CDMA.
A certeza de que o futuro é CDMA nós já temos, mas
o melhor de tudo é saber que esse futuro está a poucos
dias do Brasil.

Francisco Pires / Ricardo Simioni

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