Algumas funções no iPhone são simplesmente ausentes, como o aviso de recebimento de mensagens SMS pelo destinatário, função disponível pela operadora de celular e que é impossível configurar no iPhone. A falta de recursos práticos para o uso como smartphone é tão grande que até para mim, que sou um Mac user há anos, sinto raiva do aparelho em alguns momentos. A ausência nativa de comandos para copiar e colar textos, a ausência de funções para salvar imagens, textos, a falta de um programa TO DO (básico em qualquer Smart) me fazem sentir saudade do meu básico SE Z530i.
A Apple tem uma característica interessante (aliás, a maioria das empresas), produtos de primeira geração lançados possuem falhas e pendências que são corrigidas em gerações seguintes. Foi assim com o primeiro modelo de iMac que não tinha gravador de CD – falha já assumida até por Steve Jobs – e com o Mac OS X, por exemplo. No caso do sistema operacional, a versão 10.0 colocada à venda era totalmente beta, impossível de ser utilizada como sistema principal, o que foi corrigido logo em seguida com um update para a versão 10.1 seis meses depois, totalmente gratuito. Com o iPhone 1.0 não foi diferente, quem achava que poderia substituir seu Blackberry pelo iPhone passou a carregar ambos na pasta ou no bolso, pela falta de recursos do celular da maçã. Por isso é natural ouvir em algumas listas relacionadas à Apple que deve-se esperar a segunda geração de determinado produto antes de adquiri-lo. É natural esse tipo de atualização com novos recursos em produtos recém lançados, porém recursos básicos deixados de fora da versão inicial são difíceis de compreender por usuários que querem usufruir ao máximo dos recursos do aparelho.
Os recursos multimídia são, sem dúvida, de impressionar. A visualização de fotos e o iPod são muito bons e completos, porém já tive inúmeros travamentos ao tocar música nele. O fato de ter um conector para fones mais embutido do que o normal faz com que seja complicado ouvir com outros fones que não sejam os que acompanham, sendo necessário um adaptador. O fone que acompanha o iPhone, porém, é muito frágil. Ele possui um botão liga e desliga que também é microfone, além de permitir mudar para a próxima música quando em modo iPod. O meu já quebrou, volta e meia ele para a música ou pula pra próxima com vontade própria. Apesar de todo o cuidado e empenho ao usá-lo, não consegui fazer com que durasse como os fones do meu iPod Shuffle primeira geração, aquele da caixa do chiclete Adams, que estão até hoje intactos e funcionando perfeitamente.
Na verdade, o que leva o iPhone para uma outra dimensão e faz ter vontade de tê-lo é a sua maravilhosa interface multi-touch. Impressiona qualquer um para quem se mostra o produto, basta sacá-lo do bolso numa mesa de amigos e você se transformará imediatamente no centro das atenções.
A sorte dos proprietários do iPhone é que o período de “beta testing” está terminando. A Apple lançou o seu <a href="http://developer.apple.com/iphone/program/">kit de desenvolvimento</a>, e, a partir de junho, uma nova constelação de aplicativos e jogos estarão disponíveis, através da iTunes Store. Serão programas desenvolvidos por empresas grandes ou não, mas com qualificação da própria Apple. Por isso, atualmente há uma grande calmaria em relação aos aplicativos que são colocados no aparelho através do installer, aquele que é instalado ao ser feito o desbloqueio do iPhone. Aplicativos de chat, exceto os “web apps” pararam de ser atualizados, acredito que estarão disponíveis para compra ou como download gratuito através da loja do iPhone. Finalmente chegarão os games que poderão ser mostrados para os amigos, os aplicativos de produtividade realmente úteis e, quem sabe, seremos capaz de ler arquivos PDF sem precisar baixá-los através da internet. O iPhone não possui leitor de PDF ou DOC, somente através do seu navegador Safari, porém é necessário fazer o download antes, só que o leitor é tão precário que não permite retornar ao ponto que paramos de ler, isso pra citar um dos recursos ausentes. Nesses momentos bate a saudade do meu Nokia 6600 com o maduro Symbian. Os programas criados com o SDK requerem uma assinatura eletrônica gerada pela própria Apple para rodar no sistema operacional do iPhone. A Apple cuida de toda a parte de comercialização através da loja iTunes, cobrando uma comissão de 30% aos vendedores e, no caso de programas gratuitos, nada é cobrado.
Os novos aplicativos da iTunes Store acompanharão o novo firmware 1.2 (também chamado 2.0), que conterá, entre outros recursos, opção para salvar imagens direto do browser Safari, gravador de filmes com som, versão atualizada do Google Maps que trabalhará de forma mais precisa como é atualmente no mesmo aplicativo para celulares, entre outros recursos que faltam no modelo atual. É importante observar que estes recursos não estão confirmados oficialmente. Muitos usuários que utilizam o iPhone desbloqueado terão que esperar a quebra desta versão, que já foi anunciada antecipadamente em alguns betas já lançados, porém com a versão final é outra história. O novo firmware também virá com o idioma em português-BR embutido, o que confirma a chegada do produto por aqui.
Com a chegada do firmware 2.0 para o iPhone muita coisa irá mudar, a funcionalidade finalmente estará presente e teremos a possibilidade, como usuários exigentes, de colocar em prática todos os recursos e usabilidade que a sua interface permite. Agora é segurar a ansiedade e aguardar a próxima semana para comprovar.
Xico Pires